Seguimos na contagem regressiva para o lançamento do livro “Clareza em textos de e-gov, uma questão de cidadania”. Será nesta terça-feira, dia 23/10, no coworking Templo, no Rio de Janeiro.
Para dar um gostinho do conteúdo do livro, disponibilizamos um trecho do primeiro capítulo.
A autora Heloisa Fischer conta o histórico do movimento mundial pela linguagem clara nos anos 1970.
Neste trecho, ela destaca o processo que levou a Plain English Campaign (Campanha pelo Inglês Claro) a rasgar milhares de documentos públicos em praça pública durante um protesto contra o burocratês.
Enquanto isso, em 1971, na cidade inglesa de Liverpool, surgia o Tuebrook Bugle, um informativo comunitário que explicava, em linguagem de fácil compreensão, como a população de baixa renda deveria preencher os formulários para requerer benefícios sociais.
A iniciativa foi lançada após Chrissie Maher, uma trabalhadora que só se alfabetizou na adolescência, tentar sensibilizar jornais de grande circulação a publicar este tipo de conteúdo. Ela conseguiu viabilizar o informativo com auxílio do vigário local e um grupo de mulheres.
Com o passar dos anos, o ativismo de Maher ganhou força e ampliou suas frentes – em 1974 ela criou a Impact Foundation e passou a editar o The Liverpool News, primeiro jornal britânico especialmente concebido para adultos com dificuldade de leitura – e atraiu mais gente para a causa, inclusive o jornalista Martin Cutts.
Em 1979, ela e Cutts organizaram o histórico protesto em frente ao Parlamento Britânico que daria origem ao movimento Plain English Campaign: milhares de formulários difíceis de entender foram picados em praça pública.
Tentando impedir o ato, um policial leu para os manifestantes uma legislação municipal redigida há 150 anos, repleta de termos jurídicos arcaicos. Presenciada por repórteres de rádio, TV e jornais, a cena ilustrou perfeitamente o grau de complexidade de informações públicas que motivou o protesto.
Em seguida, Maher fantasiava-se de Monstro Gobbledygook para entregar em mãos o boletim número 1 da Plain English Campaign à primeira-ministra Margareth Thatcher.
Em 1982, o governo britânico respondeu aos apelos da campanha. Lançou um projeto capitaneado pelo empresário e consultor Sir Derek Rayner para revisar 171 mil formulários públicos. A estimativa era que a revisão economizaria 15 milhões de libras aos cofres públicos.
Cerca de 36 mil formulários foram extintos e 58 mil, redesenhados. No final da década de 1980, já era raro encontrar um formulário do governo federal que fosse difícil de entender, afirma Cutts.
Este trecho está nas páginas 26 e 27.
O livro será lançado com um debate, a partir das 18h, reunindo Debora Albu, Natália Mazotte e Henrique Góes. Eles vão conversar com a autora sobre Democracia, Tecnologia, Participação Social e Linguagem.
“Clareza em textos de e-gov, uma questão de cidadania” está à venda em formato e-book no site da Amazon por R$ 19.
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