O último trimestre de 2019 teve cronologia digna de ano completo. Eis um breve resumo das minhas atividades, divulgando e ensinando a linguagem simples nos setores público, privado e acadêmico.
Setor público: palestra, oficina e mais
Semana de Inovação – Em novembro, fui palestrante na 5ª Semana de Inovação em Gestão Pública, o principal evento do setor no Brasil.
A Semana é organizada pelo Ministério da Economia, Escola Nacional de Administração Pública (Enap), Tribunal de Contas da União e Faculdade Latino-Americana de Ciências Socias (Flacso Brasil).
Falei no dia 5 de novembro, na sessão “Tendências em Experiência do Usuário”. Meus colegas de sessão foram Bruno Magrani, do Nubank, e o peruano Sergio Pancorbo, da plataforma GOB.PE. Cada palestrante teve o seu momento de apresentação solo.
O título da minha fala foi “Atenção! Textos incompreensíveis fazem mal à cidadania”. Assista à íntegra da palestra de 15 minutos no vídeo a seguir:
Após a palestra, tivemos uma sessão de perguntas do público. Foram ótimas as interações com os colegas de mesa e com a plateia.
Oficina na Enap – Em dezembro, foi a vez de criar e oferecer a primeira turma da Oficina de Textos Governamentais em Linguagem Simples na Escola Nacional de Administração Pública (Enap). Houve mais de 60 inscrições. A previsão inicial era de 30 vagas.
Que turma incrível! Um pessoal super animado para aprender a elaborar textos fáceis de ler, que atua em diversos órgãos da administração pública federal: INSS, Bolsa Família, Secretaria de Governo Digital, Incra, Agência Nacional de Energia Elétrica e etc
Colaborações com o Poder Legislativo – Tive a chance de colaborar duas vezes com a Câmara dos Deputados.
Em setembro, já havia sido convidada para uma audiência pública que discutiu a comunicação simples pars pessoas com deficiência. A iniciativa foi dos deputados Erika Kokay (PT-DF) e Pedro Augusto Bezerra (PTB-CE). Cheguei a antecipar aqui no blog algumas informações dessa audiência – leia o post.
Participei por videoconferência – assista aos 14 minutos de fala.
Mencionei o projeto de lei (PL) para instituir uma política municipal de Linguagem Simples que tramitava na Câmara dos Vereadores de São Paulo, de autoria de Daniel Annenberg (PSDB-SP).
Logo após falar, recebi um telefonema de assessor da deputada Erika Kokay pedindo mais informações sobre o PL mencionado.
No final da sessão, Kokay anunciou que daria encaminhamento a um projeto semelhante na Câmara dos Deputados, visando estabelecer um Programa Federal de Linguagem Simples. Fiquei feliz em ter dado esse empurrãozinho legislativo!
Em novembro, colaborei com o LAB Hacker, o laboratório de inovação da Câmara dos Deputados. A diretora Patricia Roedel me convidou a participar de reuniões para discutir a linguagem usada na transmissão das votações no Plenário. As reuniões seguiram a metodologia Design Sprint.
Palestras e reuniões – Estive na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na Petrobras, compartilhando achados da minha pesquisa de mestrado sobre compreensibilidade de textos governamentais on-line. Em ambas ocasiões, o título da palestra foi “Linguagem Simples: o desafio de comunicar para todos”.
Em dezembro, me reuni em São Paulo com representantes da Câmara Municipal e do Metrô.
No encontro com a procuradora-chefe da Câmara, Maria Nazaré Lins Barbosa, discutimos caminhos para levar a pauta da Linguagem Simples àquela casa. Participou da reunião a assessora parlamentar Melissa Mestriner, do gabinete do vereador Daniel Annenberg.
Naquele mesmo dia, visitei o Metrô de São Paulo e tomei conhecimento dos planos da empresa para o campo da Linguagem Simples. Conheci uma parte do grupo que já está trabalhando no tema. Era véspera de Natal e levei de presente o meu livro “Clareza em textos de e-gov, uma questão de cidadania”.
Em dezembro, também participei de um encontro da Rede Conexão Inovação Pública RJ no campus da UFRJ no Fundão. Repeti lá a palestra da 5ª Semana de Inovação.
Setor privado: oficina para a Enel
Em novembro, montei para a Enel – empresa italiana do setor elétrico – um workshop com funcionários que se comunicam por escrito com consumidores. Foram dias de intensa atividade. Terminamos o workshop com três textos-chave reescritos em Linguagem Simples.
Setor acadêmico: avanços no Mestrado
Artigos em congressos – Em novembro, fui a Belo Horizonte apresentar um artigo no 9º Congresso Internacional de Design da Informação (CIDI). O título do trabalho é “Compreensibilidade em textos de e-gov: uma análise exploratória da escrita do INSS” – leia o artigo nos anais do congresso.
No mesmo mês, o congresso internacional de Design Senses & Sensibility, em Lisboa, aceitou o meu artigo em inglês “Evaluating the impact of Plain Language on the comprehensibility of e-gov texts“. Quem viajou para Portugal e apresentou o trabalho foi a minha orientadora de mestrado, a professora Claudia Mont’Alvão. Os anais do congresso ainda não estão disponíveis online.
Em dezembro, apresentei no congresso ErgoDesign, no Rio de Janeiro, o artigo “Fator facilitador ou barreira para cidadãos acessarem e-serviços: o papel do texto em governo eletrônico” – leia o artigo nos anais do congresso.
Ciclo de Conversas sobre Linguagem Cidadã – Já contei aqui no blog que o LincLab organizou um ciclo de encontros mensais na PUC-Rio. O objetivo foi discutir metodologias de pesquisa acadêmica no campo da linguagem cidadã. Os encontros ocorreram de agosto a dezembro.
Fiz uma breve introdução à Linguagem Simples no primeiro encontro e, no último, apresentei o status da minha pesquisa de mestrado.
Avanços no Mestrado – Procurei o setor de Experiência do Usuário do INSS e propus a colaboração deles na minha pesquisa.
Vou montar um experimento para aferir o impacto da Linguagem Simples na compreensibilidade textual de um benefício disponível no site do INSS. É muito importante ter a validação técnica do texto reescrito em Linguagem Simples pelos especialistas do órgão.
A acolhida no INSS foi muito boa, estamos prestes a assinar um acordo de cooperação. Falta apenas eu e as orientadoras Claudia Mont’Alvão e Erica dos Santos Rodrigues definirmos qual será o texto.
Concluí quase todos os créditos exigidos pelo Mestrado. Falta apenas uma disciplina fora do departamento, que farei a partir de março (também vou fazer estágio de docência na graduação).
Pude evoluir na fundamentação teórica da pesquisa e escrevi um artigo para a disciplina de Epistemologia do Design.
O artigo se chama “O governo digital é um governo abissal: É possível projetar textos de e-serviços com ethos redistributivo?”.
A professora Denise Portinari gostou e me deu 10 – fiquei feliz! O trabalho propõe um diálogo com um texto seminal do português Boaventura Sousa Souza, “Para além do pensamento abissal: Das linhas globais a uma ecologia dos saberes”, de 2007. Tenho levado essa reflexão para palestras, oficinas e aulas.
Em meio a tantas atividades, ainda deu tempo de participar do World Usability Day 2019. A edição carioca ocorreu na PUC-Rio, em 9 de novembro.
O 09/11 ocupa lugar especial no meu coração. Foi nessa data que nasceu VivaMúsica!, a editora especializada em conteúdo de música clássica que eu fundei em 1994 e dirigi até 2016.
Gostei de passar o 9 de novembro em um evento de Usabilidade, que é a temática da minha linha de pesquisa de mestrado. Adoro esse tipo de encontro passado-presente, pois costuma apontar para bons caminhos futuros.
Vem com tudo, 2020!