Dias atrás, o MetrôRio eliminou um ponto de venda do seu cartão eletrônico pré-pago.
O comunicado sobre a mudança vem causando confusão:
Sou usuária frequente do metrô, sei como o serviço funciona e sou especializada em simplificar mensagens confusas. Mas eu li, reli e não entendi o aviso.
O texto passa longe de esclarecer os passageiros mais prejudicados pela mudança. E ainda confunde a imensa maioria que nem precisaria ler o aviso porque não é afetada.
Elaborei uma versão em linguagem clara, em instantes mostro como ficou.
Antes, algumas informações para você entender o contexto do serviço alterado.
- No Rio, a passagem de metrô é cobrada em cartão eletrônico pré-pago ou no RioCard, que é o bilhete único de transporte da cidade.
- A empresa que administra o metrô oferece um serviço de ônibus partindo de duas estações – Botafogo e Antero de Quental – chamado Metrô na Superfície;
- Estes ônibus especiais estendem a viagem dos passageiros até o bairro da Gávea. A tarifa é integrada, sem custo adicional.
Ou seja, a passagem de metrô no Rio dá direito a usar o metrô e também pegar o ônibus especial até a Gávea.
Até uns dias atrás, quem pegava o ônibus especial podia comprar o cartão com o motorista. Depois, usava o mesmo cartão para entrar no metrô.
A partir de 5 de maio, os motoristas deixaram de vender o cartão.
Agora, quem entra no ônibus especial sem cartão ou RioCard só tem direito ao trajeto de ônibus. Se a pessoa também for usar o metrô, ela terá que pagar duas vezes, comprando o cartão na estação. Este é o fato principal da mudança.
A falta de clareza oculta o mais importante: quem embarcar no ônibus sem cartão e depois usar o metrô terá que pagar R$ 8,60, em vez da tarifa integrada de R$ 4,30.
O texto também não se preocupa em alertar que a grande maioria dos passageiros não será afetada pela mudança. Repare só:
Apliquei o Método Comunicação Com Clareza e as diretrizes da linguagem clarapara refazer o cartaz. Havia muitas camadas de informação sufocadas sob aquele texto confuso.
É emocionante conseguir libertar as informações e dar voz a elas:
O próximo passo é fazer uma Intervenção Cidadã Pela Clareza. Vou imprimir o aviso refeito e colar junto dos cartazes que confundem.
Trabalhar com linguagem clara é promover comunicação inclusiva e defender o acesso aos direitos humanos. No nosso caso, o sagrado (e muitas vezes saqueado) direito de entender.
Atualização em 17/05/2018: Fiz a Intervenção Cidadã Pela Clareza e colei a tradução do aviso em português claro junto dos cartazes.