Como a linguagem pode ajudar o governo a se relacionar melhor com a sociedade? Essa pergunta foi tema de uma mesa do Encontro Internacional de Inovação em Governo no dia 9 de agosto, em São Paulo.
Participaram da discussão a jornalista e pesquisadora Heloisa Fischer, fundadora da Comunica Simples; Aura Cifuentes, do Departamento Nacional de Planejamento da Colômbia; e Vitor Fazio, coordenador do (011).lab.
Veja a mesa na íntegra:
Uso internacional da técnica de redação
Heloisa Fischer abriu a mesa falando sobre os desafios da linguagem textual na comunicação pública.
Ela mostrou como o uso da Linguagem Simples na administração pública fortalece a democracia, facilita a participação cidadã, valoriza a transparência e apóia o combate à corrupção
Heloisa fez um panorama da aplicação da técnica na comunicação pública dos Estados Unidos, Reino Unido, Colômbia, México, Chile e Argentina. No Brasil, destacou o panorama em São Paulo.
Colômbia é referência no uso da Linguagem Simples
A segunda participação na mesa foi de Aura Cifuentes, coordenadora da equipe de inovação pública do governo da Colômbia.
Ela começou explicando detalhes do plano nacional de desenvolvimento de seu país.
Nove em cada 10 colombianos acreditam que o Estado não se comunica claramente, de acordo com pesquisa pública de 2018.
Alguns experimentos têm sido realizados pelo governo colombiano para resolver esse problema de comunicação. Por exemplo, os laboratórios de simplicidade: espaços de co-criação entre cidadãos e servidores públicos para reescrever textos em Linguagem Simples.
Estima-se que essa iniciativa gerou uma economia de 5 bilhões de dólares ao ano para os cidadãos e 5,7 bilhões de dólares ao ano para o Estado.
“A estratégia de linguagem clara da Colômbia é uma estratégia de inovação pois segue os três eixos dos demais projetos de inovação: é feita de forma aberta, interativa e baseada em evidências”, explicou Aura.
O impacto positivo dessas ações foi reconhecido pelo estudo publicado em maio de 2019 pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Os resultados apontam que o uso da Linguagem Simples na Colômbia aumentou a eficiência administrativa, reduziu os gastos, otimizou a comunicação governamental e facilitou a interação entre servidores públicos e cidadãos.
Aura falou igualmente sobre o investimento em capacitações. Quase 40 mil pessoas já se cadastraram no curso online de Linguagem Simples oferecido pelo governo colombiano e mais de 70 entidades são atendidas pessoalmente.
Também ressaltou que está em elaboração na Colômbia uma Lei de Linguagem Clara e Inclusiva, visando a participação cidadã de grupos étnicos e de pessoas portadoras de deficiência.
Linguagem Simples em São Paulo
Vitor Fazio, um dos coordenadores do (011).lab, falou sobre a construção do programa Linguagem Simples da Prefeitura de São Paulo. Ele lembrou que já tramita na Câmara de Vereadores da cidade um projeto de lei para instituir o Programa Municipal de Linguagem Simples.
Vitor comentou sete projetos pilotos realizados para testar metodologias do programa, ouvindo diretamente os usuários dos serviços. Contou que a equipe levou muitas sugestões de reescrita em Linguagem Simples para os órgãos atendidos. E que um desses testes já beneficiou ao menos 320 cidadãos.
Sobre a mesa
O evento foi no Auditório da Biblioteca Mário de Andrade, na região central de São Paulo. O canal de youtube da Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia (SMIT) promoveu sua transmissão online ao vivo.
Qual sua opinião?
Participou do encontro #inovaSP2019? Ou assistiu ao vídeo online da mesa? Comente aqui o que você achou sobre o tema. Enviei suas perguntas e sugestões.
De que outra formas você acha que a Linguagem Simples pode ajudar o governo?
Quais desafios você já enfrentou como cidadão no acesso a informações e direitos?